sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Little Children


Somos todos criancinhas. E teimamos em querer criar criancinhas, mesmo quando nós mesmos não sabemos nos criar. Nem mesmo sabemos o que queremos de verdade. Coisas ou pessoas.

"And you may find yourself living in a shotgun shack
And you may find yourself in another part of the world
And you may find yourself behind the wheel of a large automobile
And you may find yourself in a beautiful house, with a beautiful
Wife
And you may ask yourself-well...how did I get here? "
Once in a Lifetime, Talking Heads

Todd Field é um diretor interessante. Sabe cosntruir o drama a partir dos personagens com uma verdade rara no cinema. "Entre Quatro Paredes"(In The Bedroom) já tinha uma coleção de dramas/melodramas de classe média com um sabor amargo com eventuais adoçadas. Só que essas adoçadas são para o público e o diretor, não para os personagens.
Em "Pecados Íntimos"(pecado público é essa 'tradução' do original " Little Children"), Field desenha um novo grupo de personagens nervosos e confusos. Ele sabe perfeitamente o limite do patético na tragédia e ri junto com o público. Não se leva a sério na medida certa. Faz cinismo com tudo em pauta: de patologias sexuais a traição conjugal.
Em um momento ele faz graça com a figura do tarado recém liberado da cadeia entrando em uma piscina cheia de crianças. Os pais em desespero quando percebem a presença do 'monstro' tira todos os filhos da piscina e deixam apenas aquela criança velha e estranha sozinha ali. Como se fosse um rato de rio nadando sozinho na água. O roteiro não cai no perigo de deixar seu personagem nem monstruoso e tampouco bonzinho. Ele é um psicopata! Não nos deixa esquecer disso. Por outro lado ele também é um sujeito com quem podemos perfeitamente nos identificar. Afinal, todos nós temos nossas psicopatias em maior ou - esperançosamente - em menos escala.
Katel Winslet. Eu adoro essa garota. Desde "Heavenly Creatures" de Peter Jackson a " Brilho Eterno de uma Mente sem lembranças" de Michel Gondry(aliás, onde está " Science of Sleep"??? filme novo dele com gael Garcia Bernal e Charlotte GainsBourg - olha que casal jóia!). Ela sabe sacanear com ela mesma. E este personagem aqui é um prato cheio para a atriz ser podre com seu material. Ela sabe "judiar" da mãe-que-não-sabe-que-é-ausente trabalhando com nuances e sutilezas, nunca com o histriônico.
Tenho dúvidas ainda pra saber se gostei do final do filme, mas isso é problema meu. Não sei decidir tudo ainda. Sou uma criancinha também. Preciso de orientação paterna.

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