sábado, 28 de julho de 2007

Problemas no segundo ato


Não sou um fã incondicional de David Mamet, mas ele tem toda a razão em fazer graça com a crise de criação de um texto no segundo ato, como ele faz em Os Três Usos da Faca. 
Lembro de Nicolas Cage em Adaptação(um filme que não gosto muito) fazendo autonegociações("Eu escrevo mais um pouco e depois me dou um pedaço de bolo e um cigarro como presente. Não. Eu como um bolo e fumo um cigarro e depois vou me sentir melhor para escrever... " etc...) ou então com a personagem de Emma Thompson em "Stranger Than Fiction" (esse sim um filme que eu gosto.) Não sabendo o que fazer com seu personagem que deveria ter vida própria, mas não tem. 
Resta-me por enquanto assistir a uma obra prima e usá-la como musa particular: Dead Ringers/Gêmeos - Mórbida Semelhança do Cronenberg. Tudo isso para continuar a escrever um texto que se chama Nervo Craniano Zero. Em breve - assim esperamos - num teatro perto de você. A peça tenta emular este universo cronenberguiano, mas com um ótica um pouco vigormortiana. A premissa está resolvida: uma ficção científica sobre controle tecnológico do corpo (quintessential Cronenberg) e as dificuldades de relacionamento social e profissional (quintessential Vigor Mortis). O resto ... por enquanto... é silêncio. Desculpem o mal uso shakespeariano da frase clichê, mas é o que melhor representa a crise do 2º ato. 
Deixe quieto. Agora é hora de me deliciar com essa interpretação célebre do Jeremy Irons e depois eu resolvo a clássica crise do segundo ato. 
Lembro agora do que eu disse a amigos que sentavam ao meu lado quando vi este filme pela primeira vez no Cine Luz: "Preciso de um guindaste para me levantar dessa cadeira." 
Talvez a lembrança dessa emoção seja já um caminho pra resolver esse impasse.   

Um comentário:

Anônimo disse...

opa! the cronemberg of all time, com certeza. só que vi no ritz - e também fiquei anestesiado.

aliás é curioso como esse cinema foi uma espécie de galeria do bizarro de nossa época. de cada dois festivais pelo menos um se encarregava de um desequilibrado desses.

bons tempos.