domingo, 1 de julho de 2007

Here come the Motherf**** Fuzz!!


Simon Pegg, Edgar Wright e Nick Frost e sua turma são meus novos melhores amigos.  

Depois do saborosíssimo Shaun of the Dead (que recebeu no Brasil o lamentável título de "Todo Mundo Quase Morto") onde eles pegavam os filmes do George Romero e faziam uma sátira super bacana sem apelar para inside jokes ciematográficas(como agora é a moda "postmodernpop" de Shrek, Todo mundo em pânico ed caterva...) criando um universo divertidíssimo ao som de Queen na Jukebox do Winchester Pub: 
- So what's the plan? 
- The Winchester!! 
Quando vi o filme a primeira vez pensei... "Cacete! Esses caras tão fazendo exatamente o que eu queria fazer com Morgue Story. Bota a sincronicidade jungiana na P queos P!!" 
Isso sem falar no melhor slogan dos últimos vinte anos: 
"Uma comédia romântica... com zumbis" 
Agora eles me vem com um novo filme "HOT FUZZ" e fazem a mesma lógica dos filmes de morto vivo só que desta vez são os filmes de ação hollywoodianos. Die Hard, Bad Boys e Point Break são referências que não aparecem como motivos de pastiche, mas sim como homenagem bem humorada. Não se olha para estes filmes vendo o ridículo, mas sim percebendo como são DELICIOSAMENTE RIDÍCULOS. 
Simon Pegg interpreta o Sargento Nicholas Angel, policial exemplar da políca metropolitana de Londres que - por excesso de competência -  é transferido por seus superiores para o aparentemente pacato vilarejo de Sandford, uma cidade que tem nível de criminalidade zero e a maior estatísica de mortes por acidente do país. A trama que segue já pode ser prevista, mas é no carisma do elenco e no roteiro boboca mas bem resolvido e criador de células de empatia que o filme se sustenta. 
E o que são essas células? 
Seguindo a mesma estrutura de diálogos de Shaun of the Dead, o diretor Edgar Wright e Pegg, que também são roteiristas, nunca deixam nenhum ponto sem nó. Usam um diálogo inicialmente usado para preencher uma situação corriqueira e banal se repetir em outra situação totalmente fora do comum. Ou seja, quando Pegg chega no hotel da cidadezinha é recebido pela dona do estabelecimento que está fazendo palavras cruzadas. Ela diz:
- "Fascist." 
- "O que?",  pergunta ele.
- "Nas palavras cuzadas. Regime político radicalmente ditatorial"
- "Fascism", ele conserta e depois acrescenta "Hag(Bruxa)" 
- "O que?", pergunta a velhinha já se ofendendo.
- "Terceira linha das palavras cruzadas", ele diz, "Mulher tida como má ou feiticeira. Três letras".   
Passada uma hora e meia de filme, testemunhamos um sensacional e maravilhosamente pirotécnico(onde o gratuito se torna linguagem) duelo entre Nicholas Angel e os moradores de Sandford, a mesma senhora surge com uma metralhadora automática apontada para o nobre Sargento e começa a atirar gritando:
- "FASCIST!!!"
Com sua pontaria certeira, Angel responde com um tiro num vaso pendurado sobre a cabeça da velha e faz com que ele caia sobre ela. 
- "HAG!" - crava Angel com uma voz cavernosa de Dirty Harry atrás de seus óculos escuros. 

Pra completar as características desse filme que parece ser tailormade pra mim, o tema final é do Jon Spencer, o mesmo que tocava ao receber o público nas apresentações de Morgue Story.  
Não é Orson Welles, nem Kubrick, nem Vertov, nem Truffaut, nem Scorsese, nem Coppola, mas é o mesmo prazer inexplicável de ver Fred e Ginger ou melhor ... o prazer em forma de película de ter uma ébria noite com ótimos amigos num pub enxugando pints de lager e falando coisas muito engraçadas sobre filmes de ação.

(obs.: o filme não foi lançado no Brasil e pelo jeito vai ter o mesmo fim do Shaun of the Dead. Lançado direto em vídeo provavelmente com um título do tipo "Corra que o Tira Vem aí". )

2 comentários:

Anônimo disse...

paulo, você me empresta?

Anônimo disse...

e o interessante é que até agora nem sinal de lançamento do dito por aqui - por qualquer meio. o jeito é torrentear a bagaça, mesmo.