sexta-feira, 18 de maio de 2007

City of Dreams


Demônios vâo e demônios vêm. Aqui estão eles de volta quase dois meses depois. Mais famintos que nunca. Ainda mais sedentos por uma boa briga com o Exorcista de Si Mesmo. Então... this is your first night at the fight club. You have to fight.

Dizem que só conhecemos amigos no inverno, pois a verdade é que eles são ainda mais transparentes no verão. Nesta Baía de Guanabara é sempre verão. Um verão que cansa. Será que as pessoas daqui conhecem lã, camurça ou outras maravilhas da indústria têxtil? Deixa pra lá. Não vou inventar uma teoria de que a alegria só é possível se estiver coberta de lã.

Minha relação com essa cidade é de uma ambigüidade atroz. Olho para o mar de cima de minha amada neguinha(uma linda beach- bike preta) e acho tudo lindo de doer. O caminho de Copacabana ao Leblon desviando pela Lagoa é de morrer de bacana. Mas quando desço de minhas duas rodas, vejo uma realidade infestada de imaginários. Isso aqui é Los Angeles. É Hollywood mas com muito - muito mesmo - menos glamour. Estou numa Mullholland Drive periférica. Ainda assim a Cidade dos Sonhos.. mas dos sonhos pequenos. E não suporto esse tipo de sonho. Muito pouco daqui é real. Nem mesmo a Naomi Watts seria tão influenciável.

Quero acordar deste sonho e fazer com que todos os personagens dele também acordem. Mas o sonho tem sua parte boa. Então vamos dormir mais um pouco. Pelo menos até o despertador tocar desesperado como que se arrependendo pelas horas desperdiçadas de sono.

Todos os dias, antes de começar a peça enquanto o público está entrando, toca no Teatro III uma música que não poderia ser mais apropriada ao momento e local:

"We live in the city of dreams
We drive on this highway of fire
Should we awake and find it gone, remember this our favorite town"
Talking Heads

A cidade favorita é a que não foi inventada. A não ser em nossos sonhos. Só que sonhos daqueles que temos quando dormimos. Não desse tipo aqui.

Dois demônios pequenos mortos hoje.